Algumas pessoas possuem deficiências físicas ou mentais e por isso se veem impedidas de acessar informações e conhecimento com a mesma facilidade que os outros. Acredito que a escola seja um dos principais espaços onde a tecnologia deve ser usada para promover a diminuição dessas dificuldades e a garantia de que todos possam aprender.
No intuito de conhecer as iniciativas neste sentido, fui conversar com Deise Tomazin Barbosa. Ela é uma educadora que nas últimas duas décadas vem se especializando em pesquisar sobre o desenvolvimento da tecnologia como instrumento auxiliar na superação da exclusão de pessoas portadoras de deficiência. Deise tem deficiência física e desde a infância pesquisa e compartilha este conhecimento com outros educadores, para que meninos e meninas deficientes possam ter boas oportunidades de desenvolverem suas potencialidades.
“Quando uma pessoa adquire ou nasce com algum tipo de deficiência, é uma fatalidade imutável, e nenhum estudo diz o caminho certo a seguir. Existem caminhos variados para a pessoa seguir bem a sua vida e a tecnologia surge como uma alternativa em relação à construção do conhecimento”, disse Deise durante uma oficina na qual participei junto com professores orientadores de informática educativa. Nesta oficina conhecemos na prática dois destes softwares:
Editor livre de prancha: Tente se comunicar sem utilizar a fala nem gestos. Este software oferece ao usuário a possibilidade de se comunicar através de imagens e símbolos, chamados de “prancha de comunicação”. Na sua confecção, o professor ou a família irá selecionar imagens que tenham significado para o usuário. Pode-se utilizar um tablete, smarthphone ou imprimir e reunir as imagens e símbolos em uma prancheta, caderno, pasta, cartão para que a pessoa com dificuldade de fala possa manusear e mostrar o que deseja expressar. Por ser um software livre, professor e família podem fazer uso tornando possível a comunicação do usuário em qualquer lugar ou situação. Comece a explorar e usar este software com o apoio deste vídeo.
Mouse ocular: Confesso que a primeira vez que utilizei o Headmouse pensei que seria impossível alguém conseguir usá-lo. Isso porque minha capacidade motora está concentrada nas mãos. Foram horas de tentativa até conseguir com piscadelas e movimento da boca mover o mouse pela tela e acessar um aplicativo. Ele foi usado em conjunto com o teclado virtual. Ou seja, imagine digitar um texto utilizando seus olhos e boca. No entanto, quando apesentamos o software para uma aluna com limitação de movimentos, ela conseguiu abrir o navegador e acessar um site com algumas tentativas. E nunca mais esqueci a felicidade dela ao realizar aquela tarefa! Neste vídeo veja uma demonstração de uso.
Deise indica mais nove softwares gratuitos, que podem ser utilizados pelos educadores como instrumento de inclusão. “Os recursos digitais podem auxiliar as pessoas com deficiência em todos os espaços e tempos, buscando encontrar caminhos alternativos para o desenvolvimento de habilidades e competências”, diz. Em seu site, você pode fazer o download dos tutoriais para instalação e utilização de cada um deles:
- DOSVOX:sistema destinado ao uso do computador através do controle de voz. Indicado para quem possui deficiência visual e dificuldades de leitura e escrita.
- SOROBÃ VIRTUAL: ábaco de desenvolvimento lógico matemático. Para estudantes com baixa visão e dificuldades em operações matemáticas.
- NVDA: leitor de tela em código aberto. Para deficientes visuais e motores
- SIMON: controle de computador através da voz. Indicado para quem tem deficiência motora.
- JECRIPE: game para estimulação. Para portadores de Síndrome de Down.
- MECDAISY: permite a leitura e produção de livros em formato digital acessível. Indicado para alunos com deficiência visual e dificuldades de leitura e escrita.
- EUGÊNIO: preditor de texto. Para quem tem dificuldade de leitura e escrita.
- MICROFÊNIX: controle de computador através da voz ou som. Para deficientes motores.
- HOLOS: estratégias para desenvolvimento global. Para deficiência intelectual e dificuldades de aprendizagem.
O produto da pesquisa de Deise sobre Recursos Tecnológicos Acessíveis foi premiada em 2014 pela Revista ARede. “O objetivo da pesquisa é promover o acesso de todas as pessoas do universo à tecnologia. Todos se beneficiam academicamente e expandem suas oportunidades quando os ambientes educacionais são inclusivos”, diz.
Espero que você – professor, professora e familiares – tenha gostado e se inspirado com esse post. Compartilhe suas observações e experiências nos comentários.
Abraços,
Jane Reolo