O que devia ser motivo de alegria em Maragogi se tornou o choro e o drama de mães que buscam educar os seus filhos através do ensino público. Mães que nos últimos dias procuraram a escola Estadual Batista Acioly, localizada no centro da cidade, foram surpreendidas com a notícia de que não há mais vagas.
Isso se deve à precariedade estrutural. A única escola Estadual da cidade de 30,3 mil habitantes conta com apenas cinco salas de aulas.
Numa tentativa de amenizar o grave problema, há muitos anos, o governo do Estado alugou uma casa e transformou em extensão, porém ela não dispõe de nenhum conforto para alunos ou profissionais da educação e é constituída de apenas quatro quartos que servem de sala de aula.
Quando tantos problemas passaram a ser divulgados nas redes sociais por revolta das mães, Edjanete Cândido, gestora escolar, tentou controlar a situação. Em entrevista ao nosso portal de notícias, a diretora da unidade informou que nesta quinta-feira (10), quase novecentos alunos já estavam matriculados e que a demanda não para de crescer. A única solução encontrada no momento foi adotar o sistema de rodízio, ou seja, 50% das turmas A,B, C e D assistem às aulas em uma semana e os outros 50% na semana seguinte, isto independentemente da pandemia. Sobre as aulas on-line, que seriam mais uma ajuda para incluir mais estudantes, Edjane Cândido informou que muitos alunos residem na zona rural do município e não têm acesso à Internet.
“Mães choram, pais entram em desespero, e nós não podemos deixar esses alunos um ano fora de aula. As salas não comportam 50 alunos, pois são muito pequenas, o rodízio será a única solução”, lamenta a diretora, que não pode fazer muita coisa, pois a estrutura depende exclusivamente do Governo do Estado.
Sobre o quadro de efetivos, insumos e merenda, a diretora afirmou que tudo vai bem, o problema se resume à estrutura. A nossa reportagem constatou que as carteiras escolares são todas novas, a escola também está bem conservada, bem pintada, pois pinturas e pequenas reformas não faltam, porém há anos novas unidades não são construídas.
Para atrair mais alunos e remediar a evasão, o Governo Estadual disponibilizou bolsas de até R$ 2.000, porém esqueceu do principal, que são unidades escolares capazes de acomodar tais alunos.
Mesmo com tanto esforço e competência da diretora e dos demais profissionais de educação em tentar solucionar o problema com o rodízio entre alunos, com o intuito de não deixar ninguém fora da sala de aula, esse sistema pedagógico quebrará a progressão continuada, portanto, o ciclo da Lei de Diretrizes da Educação (LDB) será afetado.